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Hecival Alves de Castro

 

Hecival Alves de Castro nasceu na Cidade de Goiás, no dia 3 de julho de 1939, na rua Luís do Couto no 9, filho dos comerciantes Zabulon Alves de Castro e Maria Mendonça Aquino de Castro, fundadores da Loja Maria Rosinha, no Centro da Cidade. Sobre sua infância, sempre se definiu como um “menino tímido e sensível, admirador das noites profundas”. Dizia que amava ir todas as manhãs para a loja de seu pai “ouvir as articulações, projetos e análises de política das principais figuras da política Vilaboense”; crescer neste ambiente fervilhante de idéias o fez desenvolver, desde muito cedo, um apaixonado interesse por política e pela vida cultural de sua Cidade e Estado.

Já em tenra idade se tornou um ávido leitor – os livros e as madrugadas foram os seus grandes companheiros de vida. Em sua mocidade cheia de sonhos e ideais, nada era mais prazeiroso do que as longas conversas e debates filosóficos com os amigos nas misteriosas madrugadas de Goiás. O suicídio de Getúlio Vargas em 1954, acontecimento que o marcou profundamente, fez despertá-lo para um outro grande interesse de sua existência, o estudo de História e a necessidade de conhecer e compreender os fatos marcantes da jornada do ser humano. Todos esses fatos o forjaram como um jovem romântico, poeta e idealista.

Aos 18 anos publicou em um jornal local sua primeira poesia, e ao longo da vida se aventurou a escrever poemas, contudo, o menino tímido e modesto, sempre vivo dentro dele, não permitiu o “atrevimento” de publicá-los em livro.

Estudou o científico no antigo Lyceu de Goyaz, sendo eleito presidente do “Centro Cívico Professor Ferreira” em 1959. Foi uma época de agitações, marcada por protestos e mobilizações em defesa de causas estudantis. Tinha como colegas jovens tão entusiastas quanto ele, e para desfrutarem desse momento de efervescência juvenil, fundaram o “Clube Estudantil”, caracterizado por atividades culturais, onde eram promovidos debates, conferências, torneios de oratórias e encontros literários. Inclusive, sempre contava que a primeira palestra de Cora Coralina na Cidade, depois de seu retorno, foi realizada no Clube Estudantil. Afirmava que foi um momento muito frutífero intelectualmente, de conversas animadas, zombarias e esperanças no futuro. A convivência em meio a essa juventude com ânsia de saber e imbuída do desejo de mudar o mundo, o aproximou aos estudos do marxismo/leninismo, levando-o a se tornar comunista. Ideologia esta que permeou o seu caminho e determinou muitas de suas escolhas.

Em 1962, se tranfere para Goiânia, com o intuito de prestar vestibular para medicina, que sempre considerou sua verdadeira vocação. Mas o contexto histórico da época e o desejo contribuir de forma mais efetiva com a vida política do país, o fizeram escolher o curso de Direito, matéria que lhe permitiria um campo mais propício de atuação. Entra na Faculdade de Direito da Univerdade Federal de Goiás (UFG) em 1963.

Em 1964, o Golpe Militar transforma a vida Universitária e o motiva a ingressar na política estudantil, se opondo firmemente ao regime instaurado. Em 1965 foi eleito presidente do Diretório Central dos Estudantes, DCE. Devido a sua atuação no movimento estudantil e em razão de suas posições ideológicas chegou, inclusive, a ser preso no 10o Batalhão de Caçadores (10o BC) no DOPS de Goiânia. Os anos universitários foram bastante agitados, caraterizados por um cenário de acalorados debates, confronto de ideias e planos mirabolantes.

Embora muito envolvido com a vida universitária em Goiânia e com as questões políticas da época, manteve vivo o interesse pela vida Cultural da Cidade de Goiás. Em 1965, participou da fundação da OVAT (Organização Vilaboense de Artes e Tradições), junto com um grupo de jovens amantes da história e da cultura da cidade, incentivados pela artista plástica Goiandira Ayres do Couto. “Foram os sócios fundadores da OVAT: Antônio Carlos Bastos Costa Campos, Elina Maria da Silva, Elder Camargo de Passos, Erlande da Costa Campos, Eudes Pacheco Santana, Goiandira
Ayres do Couto, Hecival Alves de Castro, Humberto do Nascimento Andrade, Joiza Pereira de Oliveira, Joice Pereira de Oliveira, Neuza Maria Velasco.” (OVAT, 2005, p. 7-8)

Após a formatura em dezembro de 1967, retorna para Goiás e começa a atuar como Advogado no escritório do colega e Mestre Dr. Urbano Berquó. Em 1969, funda o MDB ao lado de companheiros, dentre eles: Dr. Aderson Cavalcanti Coelho, Acari, Derval de Paiva, Djalma de Paiva, Eudes Pacheco, Francisco Santana, Hermenegildo Carneiro Pinto, Iracema Malheiros, Joe Martins, Lafaiete Pereira de Morais, Maria de Lourdes Lacerda e Dr. Teódolo Alves de Castro. Casa-se em janeiro de 1972 com a professora Osmerinda Martins de Castro (com a qual teve dois filhos, Lenise Aparecida Alves de Castro e Júlio César Alves de Castro). Neste mesmo ano, devido a perseguições políticas por sua idéias, o seu exercício profissional se torna muito difícil, então decide tranferir-se para o município de Novo Brasil, onde começa a atuar como Advogado e professor. Porém, informações que chegaram à cidade sobre seu posicionamento de esquerda, o impossibilitam de trabalhar ali também. Sem alternativas, passa morar e administrar uma propriedade rural de sua família no mesmo município.

Volta para a sua Cidade Natal em 1975 e recomeça a advogar com o Dr. Urbano Berquó. Neste regresso, continua sua atuação na vida política, cultural e religiosa da Cidade de Goiás. Foi um momento que se manteve ativo na luta pelo fim da ditadura e restauração da democracia. Ele cultivava um grande interesse pela preservação e valorização da cultura e costumes religiosos da Cidade de Goiás e encarou esse empenho como uma verdadeira missão de vida, pois, sempre vislumbrou que a conservação de nossa memória e a compreensão de nossas origens são de vital importância para salvagardar a identidade de um povo.

 

Algumas Atividades e Funções Exercidas na vida Política e Cultural

  • Foi presidente do conselho de cultura durante a legislatura do Prefeito Djalma de Paiva, 1977.
  • Em 1980, refunda o antigo Jornal Cidade de Goiás, onde exerce a função de diretor.
  • Em 1983, foi secretário de cultura na admistração do prefeito eleito Adélio Alves de Aguiar (1983/1987).
  • Fez parte da diretoria do Hospital São Pedro como tesoureiro a partir de 1985.
  • Foi Secretário Municipal de Cultura na Administração do Prefeito Adélio Alves de Aguiar durante a administração de 1997/2000. O primeiro FICA foi realizado na sua gestão como Secretário de Cultura, e participou com afinco na organização deste festival. Também durante esse período foi desencadeada a campanha para a conquista do Título de Patrimônio Mundial, que originou a criação, por vários setores da sociedade Vilaboense, do Movimento Pró Cidade de Goiás. Ele foi um grande entusiasta e incentivador desse movimento.
  • Foi Secretário de Comunicação durante a Administração do Prefeito Boadyr Veloso.
  • Ocupou a função de Presidente da OVAT (Organização Vilaboense de Artes e Tradições) e foi membro do conselho deliberativo da Casa de Cora Coralina; foi secretário e membro do Gabinete Literário de Goiás.
  • Membro da Ordem Nacional dos Escritores de São Paulo desde 1995.
  • Era associado da AGI (Associação Goiana de Imprensa). Como Anistiado Político, foi membro do Conselho Deliberativo da Associação dos Anistiados do Estado de Goiás.
  • Foi membro, por muitos anos, da Irmandande Nosso Senhor Bom Jesus do Passos, sendo eleito Vice-Provedor nos anos de 1988/1990.

Argumentava que a Cidade de Goiás possui uma grande vocação para a Música, que sempre foi o berço de excelentes músicos, dotados de grande talento e muitos autodidatas. Em decorrência desta convicção, em companhia de vários cidadãos que compartilhavam da idéia, se dedicou para a realização das serenatas de forma contínua e que pudesse, assim, compor o calendário festivo da
Cidade.

Foi idealizador da Procissão dos Penitentes (2014), juntamente com jovens da Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Passos. Dentre os que participaram da concretização desta idéia estão: Clóvis Carvalho, Guilherme Veiga, Rafael Lino Rosa, Rodrigo dos Santos, Leonardo Campelo, Lionízio Mota, Fernando Gonçalvez, Benedito José e Marcos Jardim.

Sempre um nutriu um grande afeto e devoção pela Irmandade Nosso Senhor Bom Jesus do Passos e pela Igreja São Francisco de Paula. Um grande sonho que realizou nos últimos anos de sua vida
foi ser eleito Provedor para o biênio 2018/2019. Em junho de 2019, encerrou seu mandato e faleceu em agosto do mesmo ano, sendo velado na sua Igreja tanto amada.

 

Algumas Homenagens Recebidas

– Medalha do Mérito da Ordem Anhanguera do Governo do Estado de Goiás – Grau de Comendador.

– Medalha do Mérito Legislativo Pedro Ludovico Teixeira da Assembléia Legislativa do Estado de Goiás.

– Medalha Veiga Valle da Organização Vilaboense de Artes e Tradições.

 

Texto/pesquisa: Lenise Aparecida Alves de Castro:
Este texto é fruto de longas conversas que tive com meu pai sobre sua vida pessoal e resultado de pesquisas que comecei a fazer no acervo que ele deixou, mas que ainda não foram concluídas. É o início de um trabalho mais amplo e completo que pretendo realizar.

Referências bibliográficas:
“De Goyaz a Goiás – Biografias Vilaboenses” . Hamú, Ademir – Ed. Kelps, 2013
“Família Jayme – Genealogia e História” Gomes Jayme, Nilson, Ed. Kelps, 2016

 


 

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