Nascida a 8 de agosto de 1889 na cidade de Caldas Novas/GO, um ano após a promulgação da Lei Áurea, oficialmente Lei Imperial n.o 3.353, de 13 de maio de 1888. Leodegária de Jesus foi uma mulher negra, intelectual, poetisa e empresária, filha de Ana Isolina Furtado e José Antônio de Jesus.
Mudou-se com a família em 1898 para a então capital do Estado de Goiás, hoje Cidade de Goiás, em virtude da transferência de seu pai, que a época exercia o cargo de Deputado Estadual para o qual foi eleito na primeira legislatura do período republicano.
Leodegária de Jesus matriculou-se no colégio Sant ́Ana, que funcionava sob a administração das Irmãs Dominicanas francesas. Nesta instituição de ensino, ela aperfeiçoou sua educação erudita, engajou-se nos grêmios literários e no ativismo em defesa da igualdade de gênero.
No ano de 1906, com 17 anos de idade, publicou sua primeira obra de poemas intitulada ”Corôa de Lyrios”. A partir desse feito, a trajetória de Leodegária de Jesus tornou-se um marco para a composição do contexto histórico goiano, inaugurando a participação feminina e negra na literatura do Estado de Goiás.
Leodegária de Jesus sonhava em tornar-se advogada, para isso planejou cursar a Academia de Direito de Goiás criada em 1903. No entanto, em um primeiro momento não lhe permitiram submeter-se aos exames gerais preparatórios para o Lyceu Goyano.
Embora os exames tenham sido realizados no ano de 1904 pela banca especial instituída por ordem advinda do Rio de Janeiro, o resultado que culminou na aprovação de Leodegária de Jesus somente chegou a Goiás em 1910. Devido a esse atraso, ela graduou-se pela Escola Normal e passou a atuar como professora.
No ano de 1907, integrou de um grupo formado por senhoritas, ao lado de sua amiga e poetisa Cora Coralina, e também de Rosa Godinho e Alice Santana, que eram responsáveis pela produção do semanário “A Rosa”, um jornal considerado relevante instrumento de comunicação do movimento literário local.
Em 1921 Leodegária de Jesus funda e dirige o Colégio São José em Uberlândia- MG, exclusivo pra educar moças. E seu segundo livro denominado “Orchideas”, foi lançado no ano de 1928.
Leodegária de Jesus faleceu no dia 12 de julho de 1978, em Belo Horizonte-MG, deixando um legado significativo para a tradição literária da cidade de Goiás, compreendida enquanto berço da cultura goiana.
A relevância das obras e da trajetória de Leodegária de Jesus atraiu a atenção de pessoas estudiosas, de tal modo que, foi objeto de pesquisas realizadas pelo jornalista, professor e escritor goiano Basileu Toledo França, no livro “Poetisa Leodegária de Jesus”, assim como pela professora e escritora goiana Darcy França Denófrio no livro “Lavra dos Goiases III – Leodegária de Jesus”.
Texto/pesquisa: Mandata Vereadora Elenízia da Mata
