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Seu Dodô (Salvador dos Santos Souza)


Salvador do Santos Souza, mais conhecido Seu Dodô, nasceu em 1o de novembro de 1900, em Itapuranga, quando esta ainda se chamada Xixá, filho de Augusto Clementino de Souza e Antônia Coelho de Souza. Veio para Goiás ainda criança, casou-se com Ecilda Coelho de Souza em 1922, com ela teve oito filhos (porém dois não vingaram): José, Maria, Nice, Jader, Elly e Francisco.

Entrou para a Irmandade dos Passos em 1921, fazendo parte da sua diretoria por várias vezes, foi um dos fundadores da Associação de Santa Luzia – Classe Operária, na primeira década do século passado.

Em parceria com o amigo Durval Lemes Borges, sempre participou das comissões organizadoras das festividades sociais, culturais e políticas da sua época. Após o matrimônio, adquiriu uma casa que pudesse abrigar a família, situada em frente à Praça Tiradentes; adquiriu também uma propriedade rural próximo ao Córrego Carreiro, após a Igreja de Santa Bárbara.

A partir dos rendimentos de algumas reses e muito trabalho, montou uma venda/mercearia de secos e molhados, de onde retirou o sustento próprio e da família àquele tempo e no futuro, como hoje podemos observar.

Neste estabelecimento, desenvolveu receitas para licores e pingas com frutos regionais, tendo como principal matéria-prima o Jenipapo, Murici, Curriola e Mutamba, entre outros.

A pinga branca de primeiríssima qualidade era trazida do engenho de familiares em Itapuranga, enormes tonéis recebidos de Adão Camilo, seu único fornecedor desde então; e os descendentes de ambos seguiram preservando esta parceria. Já na Casa Dodô, a bebida era armazenada em um cômodo reservado a esta finalidade, aos fundos da casa, contíguo ao jardim e parreiral. A bebida era preparada neste espaço, as frutas devidamente higienizadas e colocadas em infusão e maceração até que atendessem ao rigoroso critério de excelência desenvolvido por Seu Dodô.

Seu Dodô sempre contou com o apoio da família e funcionários, estando todos, sem exceção, envolvidos ao negócio até que precisassem por motivos de idade avançada ou necessidade afastar-se das atividades, mas sempre sob os olhares atentos do fundador; dezenas de pessoas estiveram relacionadas ao negócio e ajudaram-no na construção de uma das mais longevas e significativas tradições vilaboenses, as bebidas artesanais da Casa Dodô.

Faleceu em 1977 e, a partir de então, o seu filho ainda solteiro, Jader, prosseguiu com os trabalhos da Casa Dodô, acompanhado de perto por suas duas irmãs, Maria e Nice, também solteiras. Em 1984 o filho Jader faleceu, sendo sucedido por Nice Coelho que assumia o hercúleo legado do Seu Dodô. Professora aposentada e possuidora de proventos suficientes para a sobrevivência, prosseguiu com os trabalhos das bebidas em respeito à memória de seu pai. Com 90 anos, a última herdeira direta, Tia Nice, também faleceu.

Heber Júnior, neto do Seu Dodô, fora durante a vida de suas tias importante auxiliador nas necessidades que a velhice impunha. Vínculo que suplantava o comum, uma vez que, desde a infância, com apenas 1 ano e devido ao nascimento do seu irmão, passou a morar com seus avós e tios. Período este importante para a consolidação das memórias e costumes que hoje ajudam a preencher lacunas dos misteres empíricos da atividade, o que viabilizou a continuidade da produção.

Quando da morte de Nice, enquanto tratavam os pertences e destinações a que o momento exigia, Flávio Fayad e a noiva, Luiza de Amorim, filha de Heber Júnior e bisneta de Seu Dodô; e alguns meses depois, reforçado pela também bisneta Laís de Amorim, resolveram por continuar a produção das bebidas artesanais da Casa Dodô. Juntos recuperaram o espaço físico, renovando o compromisso e reerguendo a tradição familiar a sua sempre vívida importância regional.

Texto: Flávio Fayad


 

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